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A dor que começa no corpo, mas se espalha pela vida.

Você provavelmente conhece alguém que vive com dor todos os dias. Talvez seja você. E o que muitas pessoas ainda não sabem é que essa dor persistente não se limita ao corpo, ela afeta o humor, o comportamento, o sono, a motivação e até a forma como a pessoa enxerga a vida.


Estamos falando da interseção entre dor crônica e saúde mental, um campo que a medicina moderna tem explorado com cada vez mais.

Afinal, é possível tratar a dor física sem cuidar da dor emocional? E quando o cérebro está envolvido nos dois processos, como agir?


Estudos já demonstraram que até 50% das pessoas com dor crônica desenvolvem depressão, e o contrário também é verdadeiro: pessoas com depressão têm maior risco de desenvolver síndromes dolorosas, como fibromialgia, dor lombar crônica, cefaleia tensional ou dor neuropática.


Isso acontece porque a dor e as emoções compartilham os mesmos circuitos cerebrais, especialmente áreas como:


🔹 Córtex pré-frontal: responsável pelo julgamento, memória e tomada de decisão;

🔹 Amígdala: associada à resposta emocional e ao medo;

🔹 Hipocampo: ligado à memória emocional e percepção da dor;

🔹 Sistema límbico: centro do processamento das emoções;


Quando esses circuitos são ativados repetidamente pela dor, o cérebro literalmente aprende a sentir dor, mesmo na ausência de estímulo físico, um fenômeno conhecido como sensibilização central. E é aqui que o corpo e a mente se entrelaçam de forma profunda.


Pessoas com dor crônica frequentemente relatam:

✔️ Fadiga persistente;

✔️ Irritabilidade e ansiedade;

✔️ Isolamento social;

✔️ Perda de produtividade;

✔️ Sensação de inutilidade ou desesperança;

✔️ Alterações no apetite e no sono;

✔️ Dificuldade de concentração.


Esses sintomas muitas vezes não são valorizados como parte da síndrome dolorosa, o que gera frustração e atraso no diagnóstico da depressão associada.


O cérebro funciona como uma central de interpretação da dor. Não é apenas o local onde o estímulo é recebido, mas também onde ele é processado, memorizado e amplificado.


🔬 A neuroimagem funcional já mostrou que pacientes com dor crônica apresentam hiperatividade em áreas emocionais do cérebro, mesmo quando não há estímulo doloroso aparente.


Isso significa que a dor não é mais apenas uma resposta a uma lesão física, mas uma experiência complexa, influenciada pelo estado emocional, pelo histórico de vida e pelo funcionamento cerebral.


Se a dor e a depressão caminham juntas, o tratamento também precisa ser combinado:

✅ Medicamentos neuromoduladores que tratam dor e depressão (como antidepressivos tricíclicos ou duals);

✅ Psicoterapia (especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental);

✅ Atividade física supervisionada;

✅ Técnicas de relaxamento e mindfulness;

✅ Tratamentos intervencionistas, como bloqueios anestésicos ou neuromodulação (em casos mais refratários);

✅ Acompanhamento multidisciplinar: com neurologistas, neurocirurgiões funcionais, psiquiatras, psicólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.


A dor precisa ser ouvida. E o sofrimento emocional não pode ser tratado como um sintoma “secundário”.

Quando tratamos corpo e mente ao mesmo tempo, a resposta é mais rápida, mais humana e mais eficaz.


Setembro é o mês da conscientização sobre saúde mental. E quando falamos de dor crônica, não há como separar corpo e cérebro.

A dor que persiste, que limita e que isola pode ser também um pedido de ajuda silencioso da alma.


Se você sente essa dor ou convive com alguém que sente, saiba:

não é fraqueza, não é frescura, e muito menos imaginação.

É real, é tratável e merece ser olhada com profundidade, empatia e ciência.


Quer saber mais sobre essa conexão entre dor e emoções? Continue acompanhando nossos conteúdos ou compartilhe esse texto com alguém que precisa ler isso hoje.

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